Martha Medeiros
O ônibus mágico
O ônibus mágico
Embriagada. Acho que essa é a palavra que resume como saí do cinema depois de assistir a Na Natureza Selvagem, filme brilhantemente dirigido por Sean Penn, que conta a história de Christopher McCandless, um garoto americano de 23 anos que, depois de se formar, larga tudo e sai pelo mundo como um andarilho até chegar ao Alasca, onde pretende levar às últimas conseqüências sua experiência de desprendimento, solidão e contato com a natureza. No meio do caminho, faz novos amigos e realiza trabalhos temporários, tudo isso em meio a um cenário mais que deslumbrante, e sob a trilha sonora de Eddie Vedder, vocalista do Pearl Jam. Aconteceu de verdade. É a história real de Chris, mas poderia ser a história de muitos de nós - alguns que levaram esse sonho adiante anonimamemte e outros (a maioria) que nem chegaram a planejá-lo, mas que sonharam com isso. Quem de nós - os idealistas - não imaginou um dia viver em liberdade total, sem destino, sem compromisso, recebendo o que o dia traz, os desafios que vierem, em total desapego aos bens materiais e em comunhão absoluta com a natureza e as emoções? Só se você nunca teve 20 anos. Chris, depois de muito trilhar pelas estradas, chega ao Alasca e encontra, em cima de uma montanha, a carcaça de um ônibus velho e abandonado, que ele logo trata de batizar de "ônibus mágico": faz dele seu lar. Ali ele dorme, escreve, lê, cozinha os animais que caça e vive plenamente a busca pela sua essência. É nesse lugar que consegue atingir um contato mais íntimo com o que ele é de verdade, até que um dia decide: ok, agora estou preparado para voltar, e quem viu o filme e leu o livro (sim, também há um livro) conhece o desfecho.Esqueça-se o desfecho.Fixemos nossa atenção no ônibus mágico que cada um traz dentro de si, ainda. Ao menos aqueles que não perderam o idealismo, o romantismo e a porra-louquice da juventude. Eu conservo o meu "ônibus" e estou certa de que você tem o seu. Porque, francamente, tem hora que cansa viver rodeado de arranha-céus, com trânsito congestionado, com pessoas óbvias, com conversas inúteis e estando tão distante de mares, lagos e montanhas. Todo dia a gente perde um pouquinho da nossa identidade por causa de medos padronizados e cobranças coletivas. Antes de descobrir qual é a nossa turma - seja a turma dos bem-sucedidos, dos descolados, dos espertos - é bom estar agarrado ao que nos define, e isso a gente só vai descobrir se estiver em contato com nossos sentimentos mais primitivos. Não é preciso ir ao Alasca, não é preciso radicalizar, mas manter-se fiel à nossa verdade já é meio caminho andado.
Reflexivo, não?
Bjs Rafa
Ps: Beijinho pro Brício.
Um comentário:
aqui cabe só um comentário: a martha é foda! valeu pelo texto!
P.S.: tudo a ver com o nosso papo. nada de beijinho, beijão pra vc. ^^
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