Assumir-se: Ser ou não ser?

Engraçado como as coisas acontecem. Estava procurando algo no youtube quando me dou de cara com um vídeo, e pouco tempo depois o assunto surge em uma comunidade do orkut do qual eu participo.
O assumir-se, é importante? É fundamental no caráter e na personalidade do indivíduo?
Sempre me perguntei se eu seria diferente se não fosse assumido, e se essa diferença seria para melhor ou para pior. Difícil achar essa resposta. Ouso compartilhar com vocês essa pérola escrita pelo Marcelo quando ele saiu do armário. Como ele mesmo definiu "aos 21 anos e aos prantos".
"Vivo num mundo a parte tentando me conhecer a cada dia, me sentia como um “super-herói” que tinha que manter a identidade secreta, enfim, tirei minha máscara e as pessoas que sempre me rotularam nem ao menos me conheciam, aliás, eu também demorei pra entender tudo isso, com os rótulos eu me divertia e me confundia, afinal qual é a minha personalidade!? Menti, omiti, fingi tanto ser outra pessoa e criei uma imagem que poderia me incluir na sociedade mas quem eram essas pessoas que eu queria impressionar!? Doce ilusão…eu mudei, sinto que ainda engatinho enquanto a maioria já está andando de bicicleta, me conheço mais, sei onde piso agora, terei que passar por todas angústias e alegrias da vida mas espero que nunca esteja sozinho, por que a solidão não faz bem e quero poder compartilhar tudo que viverei daqui em diante!"Marcelo Macedo
Longe de mim querer julgar os outros, como disse um grande autor “O cão sabe o quanto a coleira lhe aperta o pescoço”, existem casos e casos, vários fatores que influenciam o assumir-se e seria demagogia de minha parte estabelecer uma verdade única e incontestável. Mas será que vale realmente a pena negar a sua essência em prol de “preservar” a família, amigos ou a sociedade? Será mesmo que temos essa obrigação de corresponder as expectativas dos outros? E a minha vida, minhas escolhas, sonhos e decisões? Onde fica tudo isso?
Sem falar em outros aspectos, como por exemplo se enxergar “gay”. O que é ser gay? É um estilo de vida, uma cultura, sinônimo de feminilidade, o que é isso? Será que existe mesmo isso? Muitos gays quando se assumem flertam com esse universo “pink”, o que causa a ira dos enrustidos, mas será que uma coisa está diretamente relacionada a outra?
Como disse, cada um sabe a sua jornada. Eu optei por seguir o que eu sou, viver a minha vida, e deixar que a sociedade me julgue. Saberei sobreviver com isso. Acho que essa é a grande questão, o homem é um ser essencialmente social, e não sabe lidar com a opinião negativa alheia. Nós gay aprendemos a viver mesmo com a opinião negativo do outro. É muito difícil olhar nos olhos dos outros e não enxergar a compreensão, mas eu sobrevivo (sem nenhuma paródia a música).
Como sempre trago mais perguntas do que respostas.
E você, o que pensa sobre isso?
Bjs Rafa

Ps: O vídeo que eu encontrei no youtube é uma cena da novela Dance, dance, dance da BAND, quando uma personagem se assume para os pais. O diálogo é óbvio, a cena é curta, as atuações não são dignas de nenhum Oscar; mas justamente essa simplicidade, essa naturalidade dão uma dimensão e uma beleza para a cena. Eu acho que vale a pena conferir.