sábado, 28 de junho de 2008

Stonewall celebration

- Meu nome é Rafael, e eu sou gay.
Você deve estar pensando, “e eu com isso”. Ou no máximo se for menina deve ter pensado “que desperdício” (elas sempre pensam isso do cara gay, não importa o quanto ele seja feio). Mas para muitos de “nós” isso é uma conquista. Acredite, a liberdade é algo pouco valorizado, mas muito raro. Não vim aqui para falar sobre o “assumir-se”, acho que já falei sobre isso no blog, e os que me conhecem sabem bem a minha opinião a cerca disso. Hoje vim aqui para falar sobre o embrião do movimento sexual, dos direitos humanos, ou da livre orientação sexual. Hoje se celebra 39 anos do episódio do Stonewall, um marco no movimento gay (se é que existe um movimento gay).
O bar Stonewall era freqüentado por gay e travestis, no subúrbio de Nova York, e frequentemente ocorriam batidas policiais sob a alegação de que não possuía alvará. Na verdade os policiais iam cobrar um “pedágio” dos freqüentadores gay, maioria enrustidos, e travestis, que viviam da prostituição. Nesse dia algo de diferente aconteceu. Todos os travestis que se encontravam lá dentro do bar foram recolhidos. Os outros que se encontravam lá, ou que iam sendo liberados, voltavam ao bar e lá ficavam como uma forma de resistência. Quando o camburão chegou todos começaram a jogar moedas para os policiais e um, no meio da multidão, conclamou a todos para virarem a viatura. O que se viu a seguir mudaria completamente a vida de todos nós (gays ou não). O grupo de gays e lésbicas começaram a brigar com os policiais, que se refugiaram dentro do bar. O reforço chegou, mas não deu conta da fúria da multidão, finalmente as pessoas se deram conta de sua dignidade. Somente depois de mais reforços que a multidão se dispersou, mas não parou por aqui. No dia seguinte nova multidão se formou em frente ao Stonewall, novo confronto e mais gays e lésbicas se juntaram a multidão. Finalmente no terceiro dia a paz voltou para o bar, e seus fregueses voltaram a freqüentar o bar.
Tudo voltou ao normal? Será mesmo? Nada mais foi como antes, “nós” descobrimos que não basta pedir para ser aceito, precisávamos nos aceitar e então exigir isso da sociedade. No ano seguinte uma multidão se reuniu nessa mesma data e fez uma passeata lembrando aquela data. Nasciam então as paradas do orgulho gay.
Você ainda deve estar pensando, “e eu com isso”. Não sei te responder, o que sei é que graças a esses gays e lésbicas, a esses cidadãos conscientes, é que hoje posso pensar em uma cultura queer, adotar uma criança, em direitos previdenciários, trabalhistas e sucessórios, em lei anti-homofobia, em união civil. Graças a eles é que hoje eu posso repetir aquela frase lá em cima, a frase com que comecei esse texto.
- Meu nome é Rafael, eu tenho 25 anos e sou gay.
Bjinho
Rafa

2 comentários:

Anônimo disse...

- : devemos ter orgulho do que somos. antes do que somos do que "preferimos".

somos iguais em nossas diferenças. o problema, no mais das vezes, é a intolerância.

nunca pedi que me aceitassem como sou (assim, repleto de defeitos), apenas respeito pelo que sou e pelo que penso.

o dia em que houver um pouco mais de respeito pelo homem, enquanto 'homem' e não enquanto o que ele faz, do que gosta, o que prefere etc., estaremos bem melhores.

estaremos todos. você, eu, 'o movimento gay', enfim, o mundo.

beijo,
jones.

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Anônimo disse...

Sem dúvida esse foi o melhor post do seu Blog!
Parabéns, eu adorei!!